Acreditando na soberania de Deus

“…Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e disseram: Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há…” (At 4.24)

Após a queda do muro de Berlim, a humanidade entrou numa nova era: a pós-modernidade. Se o modernismo já foi difícil, o pós-modernismo é bem mais complicado para entender, explicar, etc. Tanto que os sociólogos tem dificuldades até para defini-lo. O mundo e a sociedade são dinâmicos e transformam-se de tempos em tempos.

Estamos na era tecnológica, da robótica, da internet. Época onde a minoria tem a maioria dos direitos; onde as relações pessoais vão sendo substituídas por virtuais; onde todos sabem todas as manchetes de notícias, mas ao mesmo tempo não sabem falar de assunto nenhum;  época de superficialidades; onde os “messias virtuais” tem milhões de seguidores; onde as pessoas estão com os olhos cheios e a alma vazia. As pessoas vivem conectadas na internet, porém afastadas umas das outras.

Salomão já tinha afirmado antes: “Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade.” Ec 12.8. Essas palavras nunca foram tão reais. Tudo hoje em dia é muito passageiro. Depende da próxima moda, evento, das idéias do próximo guru, etc.

A religião cristã também foi amplamente atingida por essa pós-modernidade. Aliás, é simplesmente impossível fugir dela, já que os membros das igrejas locais são pós-modernos.

Não adianta criticar a igreja contemporânea  sem entender os novos tempos em que vive a sociedade. Estamos passando por um momento de crise de pensadores, líderes, servos, de pessoas altruístas. A coletividade, a cidade, o estado, o país, as intituições permanentes, incluindo as igrejas, estão em segundo plano para a maioria das pessoas. O egoísmo, de forma generalizada,  tomou conta da humanidade, enquanto o egocentrismo apropriou-se das instituições religiosas.

Agora que já fizemos uma análise mínima e superficial do quadro atual podemos pensar no capítulo IV de Atos dos apóstolos, trazendo para o nosso contexto.

Vejamos: Pedro e João foram instrumentos Divinos na realização de um milagre maravilhoso. Um homem que vivia há 40 anos pedindo esmolas na porta do templo, agora andava. Eles anunciaram para o povo presente que aquele milagre só foi possível porque Cristo estava vivo, ou seja, Cristo venceu a morte pelo poder do Espírito Santo, ressuscitou edeveria ser reconhecido como Deus.

Essa mensagem, além de ser novidade para a humanidade, parecia uma grande loucura. Loucura essa que incomodava as autoridades, tanto as romanas, que não aceitavam um novo Deus, acima de seus imperadores, quanto as judaicas, que viam em Cristo uma perigosa revolução religiosa, colocando em riscos seus poderes e autoridades.

Os líderes religiosos prenderam e ameaçaram Pedro e João, tentando convencê-los a não mais falarem sobre Cristo. Os apóstolos não titubearam e invalidaram quaisquer tentativas de abandonarem sua fé, com o sábio argumento de que “importa agradar a Deus e não aos homens”. (At 4.19)

As autoridades eclesiásticas tiveram que soltar aqueles apóstolos, porque sabiam que o povo glorificava a Deus por causa do milagre que fora feito.

Agora soltos, Pedro e João voltaram e se encontraram com os outros apóstolos, para lhes relatar tudo o que as autoridades disseram.  

Acredito, que a  grande diferença daquela Igreja que se iniciava com a nossa contemporânea está na reação dos crentes diante de toda aquela situação.

Eles levantaram a voz e clamaram a Deus. Para aquele grupo de crentes, prender Pedro e João era como se tivesse prendido cada um deles. O que não sentiram na pele, sentiram  na alma.

Eles perceberam as dificuldades do seu tempo e clamaram a Deus, reconhecendo a sua soberania. Não tentaram resolver as coisas através de diplomas, jeitinhos, contatos ou até mesmo na justiça.

Também não pensarem em estratégias humanas, tentando apresentar uma nova maneira de anunciar o Evangelho, a fim de correr menos riscos.  

Eles imploraram a Deus por coragem, veja: “Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra, enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus”. (At 4.29-30; grifo nosso)

Talvez, seja isso que a modernidade nos roubou e a pós-modernidade tem nos impedido ainda mais: a dependência de Deus. O reconhecimento de sua Soberania acima de qualquer inteligência ou poder humano.

Reconhecer que a salvação pertence a Deus e não ao homem. Que não são argumentos, nem estratégias humanas que garantem novos membros no Reino de Deus e sim a obra do Espírito convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo. Só Ele pode gerar um novo homem.

O tempo da reforma chegou e com ele, um novo modo de pensar, de ver as coisas ao redor. Tempo de olhar para o alto e seguir avante. Tempo de reconhecermos nossa depravação, nossa incapacidade de realizações no Reino, sem a ajuda do Rei.

Lembremo-nos das palavras Mestre, aliás, palavras essas que os apóstolos lembraram-se quando clamaram a Deus: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada”. (Jo 15.5; grifo nosso)

Até a próxima!!!

Deus o abençoe!!!

                                                                                                              

Notas

1. J. Williams, David. Atos, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. São Paulo: Editora Vida, 1985.

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