A loucura da cruz para a salvação

O trecho abaixo foi extraído do livro Boas Novas, de John MacArthur.

Sem ajuda, e sem ser iluminado, o pecador em sua condição natural e sem o evangelho jamais encontrará seu caminho para Deus. Na verdade, ele nem estará em busca desse caminho. “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Coríntios 2.14). Ele está morto e cego, espiritualmente falando, sem esperança de encontrar, por si só, a Deus.

Mas mesmo quando pecadores estão diante da apresentação do evangelho da cruz, eles a rejeitam. 1 Coríntios 1.18 declara: “Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem”. Mesmo quando se mostra ao pecador o único caminho da salvação, ele o ignora e rejeita. Por outro lado, 1 Coríntios 1.18 prossegue dizendo: “Mas para nós, que somos salvos, poder de Deus”. A suposta sabedoria humana – aquilo que a teologia natural nos diz que levará o homem a Deus – força-o a rejeitar a mensagem da cruz e o único poder que existe que pode salvá-lo.

E o que Deus pensa da sabedoria humana? Paulo continua em 1 Coríntios 1.19-20:

Pois está escrito:

“Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.

Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?”

Em outras palavras, reúna as melhores mentes, os comunicadores mais bem articulados, os melhores debatedores – deem-me a elite, e eu lhe mostrarei um grupo de tolos. Em Atos 17, Paulo está em Atenas, e o texto bíblico relata: “…seu espírito se revoltava em face da idolatria dominante na cidade” (Atos 17.16). No Areópago – o local de encontro dos filósofos e intelectuais da época – Paulo ousadamente confrontou a risível ignorância deles e proclamou a única mensagem pela qual poderiam ser salvos.

“Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: Ao Deus Desconhecido. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos (Atos 17.22-31).

Aquelas eram, quem sabe, as mentes mais argutas do mundo naquela época, e o melhor que conseguiam fazer era colocar uma placa para servir de rede de segurança para quaisquer divindades que tivessem esquecido. Talvez isso seja o melhor a se esperar da teologia natural – a sensação de culpa de ter esquecido do verdadeiro Deus do universo.

Voltando a 1 Coríntios 1, indo ao clímax do texto, lemos no versículo 21: “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação. Com efeito, essa é a Grande Comissão em outras palavras. A única esperança de salvação vem através da pregação da cruz. Paulo reconhece que tal mensagem é escândalo para os judeus e pura estupidez para os gentios (1 Coríntios 1.23), no que ele está certo. A partir da perspectiva humana, crer que a morte horrenda e humilhante de um carpinteiro judeu há mais de dois mil anos traz qualquer impacto à vida moderna – quanto mais oferecer alguma espécie de sacrifício substitutivo por nossos pecados – soa como maluquice. Mas conforme Pedro audaciosamente exclamou aos sacerdotes e líderes de Israel, “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4.12).

E por que a salvação se encontra apenas e tão somente em Cristo? Paulo fornece a resposta em 1 Coríntios 1.29-31: “A fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor”. Em última análise, o evangelho não existe para o orgulhoso, para o arrogante, ou para aqueles que acham que chegam a Deus por seus próprios esforços. Deus intencionalmente se utiliza de uma mensagem louca para nos humilhar e para assegurar que ninguém possa se vangloriar de sua inteligência. Ele escolheu a cruz para sufocar qualquer inclinação nossa de pensar que chegamos a ele por mérito próprio. Toda a glória deve ser dada a Deus.

Publicado originalmente em https://ministeriofiel.com.br

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