Pedro, marcado pela graça…

Em contrapartida, nossa era tem sido marcada pela falta de ideologias e motivações. Faltam cérebros pensantes; líderes preparados e qualificados para conduzirem a humanidade, libertando-a de seu ostracismo.

 

Nos dias de Atos dos Apóstolos, assim como nos dias de hoje, encontrar um líder eficaz era como “achar uma agulha num palheiro” ou um trevo de cinco folhas. Com certeza, uma missão quase impossível aos homens. Mas, “para Deus, tudo é possível”.” (Lc 1.37)

 Os apóstolos precisavam de um líder. Agora, pense um pouquinho: O líder substituído era, simplesmente, Jesus Cristo. Você se habilitaria?

Talvez o mais improvável líder dos apóstolos fosse Pedro. Apesar de ser uma pessoa de muitas qualidades, aos olhos humanos seria desqualificado para o cargo. Porém, o ponto de vista de Deus é totalmente diferente do homem. Ele mesmo disse a Samuel: “Eu não vejo como as pessoas vêem. Elas olham para a aparência, mas eu vejo o coração. (I Sm 16.7).

A Bíblia é um livro fantástico. Seus heróis são pessoas comuns. Os erros e acertos deles estão escritos no livro sagrado. Os santos, tanto no Novo como no Velho Testamento, são assim chamados porque foram justificados por Cristo.

Nos Evangelhos, além das virtudes, algumas facetas negativas da personalidade de Pedro são escancaradas: pouca fé; ansiedade; egoísmo; etc.

 Ele foi o personagem que negou Cristo por três vezes, fato este destacado em todos os quatro Evangelhos. Este é um dos fatos mais dramáticos da Bíblia. O canto do galo e as lágrimas de um Pedro arrependido são relatos de partir o coração do mais insensível dos homens.

Imagine alguém que decepcionou terrivelmente outra pessoa e no outro dia, a decepcionada morre; sem tempo para pedir perdão. Remorso, culpa, tristeza, desânimo e o mundo desabando em cima dele. 

Com Pedro aconteceu tudo isso, mas com um agravante: a pessoa a quem ele decepcionou foi Jesus Cristo. Para piorar ainda mais, Cristo foi crucificado no outro dia. Nos Evangelhos percebemos que os discípulos, mesmo depois da morte Cristo, ainda não compreendiam o plano de Deus. Por isso, imagino como Pedro deve ter sofrido com toda a situação. 

A cura de Pedro também foi um episódio altamente comovente. Após uma noite de fracasso como pescadores, Cristo aparece e (como era da sua natureza) lhes ensina o caminho do sucesso. Depois, Cristo faz uma pergunta desconcertante para ele:Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes?E ainda repete essa mesma pergunta mais duas vezes (Jo 21:15-17). Na terceira vez, diante da insistência de Cristo, a tristeza novamente tomou conta de Pedro.

Dessa vez ele estava dizendo a Cristo que o amava a ponto de morrer por Ele, afirmando que o seu amor eraágape, ou seja, incondicional e sacrificial. Diferente das promessas vazias que fez antes da morte de seu mestre, dizendo que jamais o deixaria para logo em seguida abandoná-lo. 

O método da cura divina não é através do constrangimento e da culpa. Jamais. Deus sara as nossas feridas através da sua graça. Totalmente libertador!

E se Pedro fosse membro de nossas igrejas hoje? Depois de vários erros cometidos ao longo da carreira, ele comete o cúmulo da insanidade e indisciplina eclesiástica negando a Cristo. Para piorar ainda mais, ele negou não apenas uma ou duas, mas três vezes. Santa paciência!

O que faríamos? Talvez afastássemos Pedro da comunhão da igreja por um tempo; talvez fosse exposto aos mais diversos julgamentos e comentários nocivos como um gladiador aos leões; ou ficasse sentado no “banco da igreja” até sua autoestima baixar a níveis ínfimos.

Seria concedido a ele novamente a chance de liderar a igreja?

 Uma última pergunta: você aceitaria ser liderado por alguém que negou a Cristo por três vezes?

Minha intenção não é questionar a disciplina eclesiástica atual. Porém, acredito que vale à pena refletir e colocar essa passagem bíblica no contexto atual.

Parece-me que Cristo e seus discípulos consideraram apenas o arrependimento imediato de Pedro.

Seu quebrantamento e contrição foi o suficiente para o perdão e o consequente reposicionamento no grupo. Nada mais do que isso.

Afinal de contas, se Deus não resiste ao coração quebrantado e contrito (Sl 51.17), porque nós tentamos resistir? Somos mais do que Ele? Reflita!

Somente o amor de Cristo, aliado ao amor dos discípulos poderia restaurar de forma tão milagrosa o apóstolo. Como bem disse Salomão: Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante. Ec 4.10.

Sejamos amorosos e misericordiosos com nossos irmãos! Afinal de contas, “todos pecaram e destituídos foram da glória de Deus” (Rm 3.23).

Ninguém é melhor ou mais santo que o outro. Não somos justificados por nossos méritos e sim pela fé em Cristo Jesus que morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.

Aleluia! Assim como Pedro, se pecarmos temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. (1 Jo 2.1). A nossa salvação e vida eterna estão garantidas pelo nosso Salvador, apesar de nossas falhas.

 

Glória a Deus por isso!

Até a próxima!

Deus o abençoe!

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