Tem alegria na sua igreja?

“Houve grande alegria em toda a igreja no dia em que leram essa mensagem animadora.” At 15:31

No capítulo 14, Paulo e Barnabé visitaram a região da Licaônia, as cidades de Listra e Derbe e seus arredores. Foram também para a Pisídia e Panfília. Pregaram a palavra em Perge e desceram para Atália (At 14:21,24,25).

Depois voltaram para Antioquia, a fim de terminarem o trabalho que começaram e “relataram tudo que Deus tinha feito por meio deles e como tinha aberto a porta da fé também para os gentios” (At 14:27).

Paulo e Barnabé estavam desfrutando de momentos de paz, alegria e tranquilidade ali. Por isso, eles permaneceram ali com os discípulos por muito tempo (At 14:28).

No capítulo 15, a vida deles volta à rotina de tribulações. A igreja de Antioquia é abalada por judeus cristãos que queriam impor a tradição judaica aos cristãos gentios. O ensino deles era o seguinte: “A menos que sejam circuncidados, conforme exige a lei de Moisés, vocês não poderão ser salvos”(Atos 15:1).

Pronto! Começou a confusão. Paulo e Barnabé discutiram energicamente com aqueles judeus por não concordarem com a imposição da lei dentro do Evangelho de Cristo.  

Depois de tanta discussão, a igreja decidiu enviar Paulo e Barnabé a Jerusalém, acompanhados de alguns irmãos de Antioquia, para tratar dessa questão com os apóstolos e presbíteros (At 15:2). 

Ao chegarem em Jerusalém, foram muito bem recebidos pela igreja e relataram tudo que Deus havia  feito por meio deles (Atos 15:4). Depois do relatório apresentado por Paulo, os “fariseus cristãos” insistiram na obrigação da circuncisão e da guarda da lei de Moisés pelos gentios. 

E agora? Quem tinha razão? Afinal, Paulo e Barnabé não tinham contato com os grandes líderes, porque moravam distantes; enquanto os que eram da seita dos fariseus viviam junto de Pedro, Tiago, João e outros apóstolos de Jesus. 

Então, os apóstolos e presbíteros se reuniram para decidir a questão. Depois de uma longa discussão, Pedro se levantou e testemunhou o que Deus tinha ensinado a ele no episódio de Cornélio (At 10). Lembrou a todos que o Espírito Santo também poderia ser derramado entre os gentios para a salvação deles.

Por isso, Pedro chama a atenção dos fariseus com uma pergunta crucial: “por que vocês provocam a Deus, sobrecarregando os discípulos gentios com um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar?”(At 15:10). Depois ele dá o seu desfecho sobre o assunto: “Cremos que todos, nós e eles, somos salvos da mesma forma, pela graça do Senhor Jesus” (At 15:11).

Depois de Pedro, Paulo e Barnabé terminarem o seu relatório sobre os sinais e maravilhas que Deus havia realizado por meio deles entre os gentios; Tiago, irmão do Senhor e líder do concílio, tomou a palavra e mostrou toda a sua coerência ao concordar e enfatizar as palavras do apóstolo Pedro: “Portanto, considero que não devemos criar dificuldades para os gentios que se convertem a Deus” (At 15:19). 

Tiago encerra a questão com uma carta endereçada aos gentios, condenando a atitude dos fariseus e explicando as exigências contidas na doutrina bíblica. Vejamos:

“Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nenhum peso maior que estes poucos requisitos: abstenham-se de comer alimentos oferecidos a ídolos, de consumir o sangue ou a carne de animais estrangulados, e de praticar a imoralidade sexual. Farão muito bem se evitarem essas coisas. “Que tudo lhes vá bem” (At 15:28,29).

Agora que você já sabe com detalhes o que aconteceu no primeiro concílio do Cristianismo, vamos pensar um pouco mais sobre o que significou esse momento da igreja:

Primeiramente, o destaque vai para os fariseus cristãos. Ao ler o texto fica a impressão que esses fariseus nunca tinham sido corrigidos por exigirem o cumprimento da lei mosaica. A carta que o apóstolo Paulo escreveu aos gálatas descreve esse evento.

Paulo deixa evidente que havia um temor, ou um exagerado respeito por esses judeus. Pedro não queria desagradá-los. No Cristianismo, a coragem e a clareza são essenciais. É preciso corrigir aqueles que trazem confusão teológica e doutrinária no meio da igreja, deixando claro o que deve ou não ser exigido da comunidade. 

Segundo, Pedro e Tiago compreendem que os judeus fariseus estavam atrapalhando a vida cristã e desanimando os gentios. As imposições da lei mosaica trouxeram tristeza para a igreja de Antioquia e das cidades próximas. 

Por que dificultar a vida das pessoas? Será que estamos fazendo isso também? Impondo nossas idéias e costumes à comunidade que estamos servindo e liderando? Práticas nacionais ou regionais não devem ser impostas, assim como precisamos respeitar o abismo que existe entre gerações. Caso contrário, vamos espantar ou dispersar muitos fiéis.

Por último, a comunicação amorosa, junto com a correção de atitudes, aliada à transparência do que se é exigido, traz muita alegria para à comunidade cristã. É o que mostra o texto de Atos: “Os mensageiros partiram de imediato para Antioquia, onde reuniram os irmãos e entregaram a carta. Houve grande alegria em toda a igreja no dia em que leram essa mensagem animadora” (At 15:30,31). Judas e Silas, ao acompanharem a comissão enviada por Tiago à Antioquia para entregar a carta, “encorajaram e fortaleceram os irmãos com muitas palavras” (At 15:32).

O que é preciso para ter uma igreja alegre? Fica claro que uma doutrina saudável segundo o Evangelho, coerente com os costumes da comunidade, sem exigências desnecessárias e apelativas, faz muito bem à igreja de Cristo. 

Sabe porque o motivo de tanta alegria? Porque os gentios tiveram a confirmação de que foram justificados pela fé em Cristo.  Aleluia! A graça de Deus foi suficiente para a salvação deles. Não necessitavam das obras da lei para que fossem aceitos por Deus e tivessem seus pecados perdoados. 

Além disso, toda comunidade carece  de encorajamento e fortalecimento em Cristo Jesus. As pessoas precisam ser respeitadas, valorizadas e amadas. É assim que Deus nos trata. Podemos afirmar com certeza que  o Evangelho puro e simples é a fonte de toda alegria na vida da comunidade cristã. 

A pergunta que fica é: tem alegria na sua igreja?

Pense nisso!!!
Até a próxima!!!
Deus o abençoe!!!
Elias Silvio

Notas
———

1.J. Williams, David. Atos, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. São Paulo: Editora Vida, 1985.
2.H. Gundry Robert. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1978.
3.Craig S. Keener. Comentário Bíblico Atos, Novo Testamento. São Paulo: Editora Atos, 2004.
4.Stott, John R. W. A mensagem de Atos. Até os confins da terra. São Paulo: ABU Editora S /C, 1990.
5. Kistemaker, Simon J. Comentário do Novo Testamento – Exposição de Atos dos Apóstolos. Editora Cultura Cristã, 2003.
6. Barclay,  William. O Novo Testamento Comentado.