Por Roberto da Silva Santos
De um lado temos os que defendem que a sociedade brasileira deve “engolir” e declarar como acertada a opção homossexual, ofertando plenos direitos, ainda que violem o direito alheio, aos que decidem pela homossexualidade, incluindo a mordaça na boca de quem pensa de modo oposto sob a alegação de “discriminação”. O curioso é que os que pensam de modo diferente são criticados, acusados, rotulados e apontados como “homofóbicos”. E a Igreja é incluída nesse imbróglio. O que se defende é que a Igreja, por exemplo, não tenha direito de ensinar o que a Bíblia mostra sobre a questão – fazer isso seria, na visão deles, discriminação. Também, a Igreja seria obrigada a aceitar como membros, sem questionamento, pessoas com esta opção sexual. Além disso, por exemplo, a Igreja seria obrigada a celebrar casamentos “gays”, caso contrário, seria uma discriminação.
A dinâmica às avessas que se pretende perpetrar é a imposição de uma postura sabidamente fora do natural, afinal, mesmo com todas as argumentações, a natureza prevê “macho” e “fêmea”, o que foge disso é exceção. Evidentemente que daí partir para a discriminação, atos violentos ou humilhação é um caminho muito longo e fora das cogitações da igreja ou dos que a integram. Por outro lado, aqueles que optam por tal caminho devem entender que a opção homossexual é pessoal, com seus ônus e bônus. Não é possível tentar impor isso à sociedade como um todo e, no nosso caso particular, à Igreja.Bem sabemos que a Igreja rege-se pela Bíblia e ela tem posições claras acerca deste assunto e de muitos outros. O que seria dito se um membro de uma igreja ingressasse num centro espírita a fim de impor, por lei, que lá dentro ele pudesse ensinar de forma diferente o que lá se ensina? Creio que todos achariam um absurdo, uma violência, uma arbitrariedade.
O interessante é que impor à Igreja a manutenção no rol de membros de pessoas assumidamente homossexuais não se constitui, na visão deles uma violência ou arbitrariedade, antes um “direito”, uma conquista. Conforme já disse, todas as opções geram ônus e bônus. Cada grupo possui suas “regras”, “crenças” e “doutrinas” que devem ser respeitadas.Nós Batistas somos historicamente defensores da liberdade de consciência e isto é levado ao extremo mesmo. Ninguém pode ser obrigado a crer ou a esposar posições com as quais não concorda. Por isso, somos contrários a toda forma de dominação da consciência, seja por força, por manipulação ou por indução, seja ainda por coerção legal.
Acreditamos que todo indivíduo tem o poder de decidir a sua vida, embora creiamos firmemente que a Bíblia e seus ensinos constituem a “lâmpada para os nossos pés e a luz para os nossos caminhos” (Salmo 119). Por crermos assim, entendemos que aqueles que não aceitam os ensinos bíblicos não podem ser obrigados a aceitá-los, mas também não podem ter o direito de obrigar-nos a transgredir ou distorcer aquilo que cremos e, muito menos, impedir que ensinemos e defendamos nossas posições com a mesma clareza e com a mesma liberdade que todos possuem. A liberdade de consciência deve ser para todos. Os Homossexuais não são obrigados a deixarem sua opção sexual, embora isso fosse recomendável, de conformidade com a Bíblia.
No entanto, eles não podem ter o direito de nos obrigar a admitir suas opções e sua maneira de viver naquilo que nos é particular: nossos cultos, nosso direito de ensinar nossos membros, nossas celebrações, nossos estatutos e regras de filiação como membros. Sempre serão bem-vindos e recebidos sem discriminação em nossos cultos e no que pudermos estender-lhes em cuidados espirituais, mas assim como não devemos impor nada a eles, nem persegui-los ou discriminá-los, também não podemos aceitar qualquer imposição da parte deles que venha a violentar a Igreja, suas práticas e sua fé.Vivemos tempos de decisões muito importantes e é preciso avaliar os caminhos que o nosso país pode seguir.
Existe uma agenda perigosa sendo discutida às escuras no Executivo e no Legislativo que, sob a alegação de busca de “liberdade” e “igualdade” procuram, na verdade, impor a todos aquilo que bem sabemos não é da aceitação de todos: a liberação do aborto, a legalização de certas drogas, o casamento homossexual, a taxação das igrejas, as restrições às liberdades de imprensa e, no reboque, a liberdade de consciência que deságua na restrição a liberdade religiosa, e por aí vai.Devemos ter muito cuidado com o nosso voto e com o que é votado na Câmara e no Senado. Não é tempo só de orar, mas de “orar e vigiar”, de falar e de reivindicar. Como Batistas, devemos lutar com coragem pelo que é correto, justo e verdadeiro. Vamos refletir sobre isso!