“…Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum…” Atos 10:28
Retornando nossas “reflexões em Atos dos Apóstolos”, você é o nosso convidado para pensarmos um pouquinho mais sobre a conversão de Cornélio.
Essa conversão concretiza a entrada dos outros povos no cristianismo que anteriormente era exclusividade de judeus e samaritanos, possibilitando a expansão do Evangelho até os confins da terra… At 1.8.
Um olhar mais cuidadoso sobre o texto é capaz de extrair ensinamentos suficientes para vários livros, porém quero divagar rapidamente sobre um assunto que está em voga: o preconceito.
Cristianismo e preconceito definitivamente não combinam, mas, inicialmente, vejamos o seu significado:
- qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico. ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado sem conhecimento abalizado, ponderação ou razão.
- sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância.
Agora que temos a noção do que consideramos preconceito, vamos pensar um pouco mais.
Qual a origem do preconceito??? De onde vem a intolerância??? A generalização??? A falta de exame crítico??? Vamos simplificar.
Se não fosse uma ordem Divina, jamais os judeus anunciariam Cristo ao mundo. Eles detinham o título de “povo de Deus” e nunca dividiram isso com ninguém. Afinal de contas, esse “status” os tornava superiores aos outros povos, aos quais eles chamavam de “imundos” ou “cães”. Da mesma forma que gregos e romanos consideravam “bárbaros” os outros povos.
O Evangelho libertou do cativeiro mental e espiritual muitos povos. Não é por acaso que o apóstolo Paulo afirma não ter vergonha do Evangelho, “porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê…” Rm 1:16.
Foi o exemplo e os ensinamentos do Mestre que fizeram muitos repensarem seu modo de enxergar o mundo, suas relações interpessoais, o valor do ser humano, entre outras coisas. O cristianismo foi o responsável pela quebra de inúmeras mazelas, como a escravidão, o desprezo às mulheres e às crianças, à dignidade humana, entre vários aspectos.
Lembremo-nos que o próprio Cristo também sofreu preconceito quando perguntaram se “poderia sair alguma coisa boa de Nazaré”… (Jo 1: 45-51). A intolerância e o escárnio cresceram ao ponto de colocarem uma coroa de espinhos em sua cabeça, depois de o espancarem de forma bem cruel.
Na parábola do samaritano (Lc 10.30-37) Cristo nos mostra como derrubar as barreiras do preconceito: com amor incondicional, ou seja, sacrificial.
O samaritano agiu assim, independente de suas impressões antigas, pisoteou seu desprezo pelos judeus e arriscou-se de todas as formas.
Imagine ele chegando em sua aldeia, tendo de se explicar porque ajudou um inimigo de seu povo. Como seus amigos reagiriam ao saber que ele gastou seu precioso tempo e o salário da semana com quem o odiava??? Poderia ser expulso da sua terra.
Observe atentamente as palavras de Cristo a quem quiser segui-lo: “Vós sois meus amigos, se praticais o que Eu vos mando. Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros.” Essa ordem foi repetida três vezes no evangelho de João (João 13:34; 15:12;17).
Faz sentido o que Pedro já tinha dito antes, quando foi proibido de anunciar a Cristo: “importa obedecer mais a Deus que aos homens.” At 4.19. A obediência a Jesus gera amor, por isso Pedro anunciou o Evangelho a Cornélio.
Glórias à Deus pelo Evangelho que constrói pontes e derruba muros!!! Paz na terra aos homens de boa vontade!!!
Porém, infelizmente, a história da igreja foi manchada diversas vezes pela intolerância e preconceitos. Ainda hoje, mesmo entre os chamados evangélicos ocorrem tais pecados. Existem pessoas que confundem igrejas locais com times de futebol ou partidos políticos. Criticam as escolhas teológicas, costumes e tradições denominacionais. Acrescentam no meio do povo rixas, discussões, piadas e outras coisas nocivas à unidade das igrejas. Tudo isso é contra o que Cristo nos diz. “Um reino dividido não pode subsistir.” (Mc 3.24)
Tiago nos explica porque essas coisas ruins acontecem: “De onde vêm as lutas e as brigas entre vocês? Elas vêm dos maus desejos que estão sempre lutando dentro de vocês.” Tg 4:1
Se você tem esse perfil, Cristo te chama hoje ao arrependimento desses pecados. Abandone essas atitudes e aplique os frutos do Espírito na sua vida. “Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatrias e feitiçarias; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e tudo quanto se pareça com essas perversidades, contra as quais vos advirto, como já vos preveni antes: os que as praticam não herdarão o Reino de Deus!” Gl 5.19-21.
O preconceito tem origem no orgulho humano que o faz sentir-se superior às outras pessoas.
A intolerância vem da falta de empatia pelo outro, tornando-nos impacientes e irritados uns com os outros.
A generalização e a falta de exame crítico vem da dificuldade de examinar de forma justa e profunda; de uma cosmovisão bem pequena, da insegurança e do medo de nos aproximarmos de outras pessoas. Ao mesmo tempo que somos egoístas, orgulhosos e arrogantes, também somos medrosos e inseguros.
Todos que estiverem em Cristo são irmãos, apesar de suas diferenças. A multiforme graça de Deus (I Pd 4.10) foi oferecida à todo aquele que crer em Cristo. (Jo 3.18; Rm 10.11;13).
Não somos os responsáveis pela colheita. Somente o Senhor da seara é quem sabe diferenciar o joio do trigo. Somente Ele pode examinar os corações humanos. Ele conhece o nosso deitar e o nosso levantar… Estamos, mesmo sem perceber, continuamente na Sua presença. Assim, Ele retribuirá a cada um, segundo as suas obras. Vida eterna para os que perseveram em fazer o bem… Tribulação e angústia sobre toda a alma do homem que faz o mal… Deus não faz acepção de pessoas. (Rm 2:6-11)
Na sua epístola aos Gálatas, o apóstolo Paulo deixa claro que esse tipo de desavença não cabe no Reino de Deus: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.” Gl 3:27-29.
Ao orar ao Pai, Cristo pediu pela unidade de seu povo: Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. Jo 17:23.
Na carta aos Efésios, Paulo insiste para que os cristãos se suportem a fim de “guardar a unidade do Espírito” e dá motivos para isso: há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós. Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Ef 4:3-7
Ele também aproveita esse capítulo para nos mostrar a finalidade dos diversos dons e ministérios na Igreja: …até que todos cheguemos à unidade da fé… Ef 4.13(a).
Por fim, em Romanos o apóstolo afirma: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”. Rm 8:38,39
Todos somos iguais em importância no Reino, embora cada um tenha um modo especial de servir. Ninguém é melhor do que o outro. Todos carregamos uma cruz rumo ao céu. Todos fomos crucificados com Cristo e com ele morremos.
Concluo com uma mensagem de esperança para você que ainda não experimentou o amor de Cristo: não importa a sua preferência sexual, sua cor, ideologia política, condição financeira, etnia, passado ou presente. Nada disso importa…
O texto áureo da Bíblia nos diz que “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado…” Jo 3:16-18.
Venha para Cristo! Venha conhecê-lo e tenha a vida eterna com Deus!
Para você que se considera cristão e participa do Reino, revele-se para o mundo: o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Gl 5:22.
Afinal de contas, se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito!!!!
Pense nisso!!!
Até a próxima!!!
Deus o abençoe!!!
Por Elias Silvio
Membro do Ministérios Justificação pela Fé, amigo fiel e apaixonado pela Teologia Reformada. Membro, líder de pequeno grupo e professor da EBD da Igreja Presbiteriana do Calvário de Sorocaba/SP.