Os Falsos Profetas

HISTORICIDADE

Desde os primórdios da antiga aliança, o povo de Deus tem dificuldade em reconhecer os falsos profetas e suas falsas mensagens. O Eterno na sua soberania permitiu que as pessoas usassem de engano e mentira para tentar persuadir o seu povo. Essa tentativa era na verdade, uma provação da parte do Senhor.

“Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, e suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. Após o SENHOR vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis. E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o SENHOR vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o SENHOR teu Deus, para andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti.” (Dt 13:1-5).

Nas palavras do próprio Deus, fica claro que a fidelidade do povo era testada pela obediência aos mandamentos divinos.

Assim como nós, os israelitas relutavam em ouvir as verdades que apontavam seus próprios erros. O rei Acabe foi um exemplo disso. Odiava profetas que falassem a verdade. “Então disse o rei de Israel a Jeosafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao SENHOR; porém eu o odeio, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas só o mal; este é Micaías, filho de Inlá. E disse Jeosafá: Não fale o rei assim.” (I Reis 22:8).

Por causa do orgulho de Israel, os profetas do Senhor foram perseguidos e maltratados. Um exemplo dessa perseguição foi Jeremias. Os falsos mestres da época, como muitos hoje, alegavam ter sonhos e visões de Deus, quando, na verdade, eram suas próprias imaginações. Deus os repreendeu: “Até quando sucederá isso no coração dos profetas que proclamam mentiras, que proclamam só o engano do próprio coração? … Eis que eu sou contra esses profetas, diz o SENHOR, que pregam a sua própria palavra e afirmam: Ele disse… pois eu não os enviei, nem lhes dei ordem; e também proveito nenhum trouxeram a este povo, diz o SENHOR.” (Jeremias 23:26-32). A seguir veremos o que Jesus falou sobre os falsos profetas.

JESUS E OS FALSOS PROFETAS

“Acautelai-vos dos falsos profetas que se vos apresentam disfar­çados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim toda árvore boa pro­duz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má pro­duzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada, e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7:15-20).

Essas são as palavras de Cristo acerca desses enganadores. Ele abre os nossos olhos quanto ao caráter e ao ensino dos falsos profetas. A melhor forma de identificarmos algo falso é conhecendo o verdadeiro. Somente o conhecimento da verdade pode abrir nossos olhos contra a mentira. Quem são os verdadeiros mestres? Quais são as suas motivações? Quais são as suas características?

 

O apóstolo Pedro nos ensina: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”. (II Pedro 1:20-21)

O verdadeiro profeta é aquele que não se deixa dominar pelas tendências humanas do egoísmo, fugindo de tentações como idolatria, fama, poder e enriquecimento. Renuncia a popularidade e proclama exclusivamente a mensagem de Deus ao povo.

CARACTERÍSTICAS DOS FALSOS PROFETAS

Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?

Essa afirmação de Cristo é bem interessante. Veja que agora Ele não mais compara os falsos profetas com lobos e sim com árvores. Por que Ele mudou a comparação? Porque a ovelha pode não conseguir identificar um lobo, mas consegue reconhecer uma árvore com frutos ruins. Ou seja, uma árvore não pode gerar frutos que não lhe pertence. Assim também, o homem não consegue esconder o que está no seu coração. Uma hora ou outra suas motivações virão à tona. Observe o que o apóstolo Pedro diz sobre esses falsificadores: “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. (II Pedro 2.1)”.

O apóstolo se refere a uma das motivações dos mercenários do Evangelho: a avareza. “O amor ao dinheiro é uma raiz de toda espécie de males”, ensinou o apóstolo Paulo à Timóteo. O enriquecimento fácil é a principal motivação dos falsos profetas. Tanto na epístola aos Romanos quanto aos Filipenses ele cita o principal alvo daqueles que propagavam falsos ensinos: “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas”. (Filipenses 3:18-19). Esses enganadores só pensavam nas coisas terrenas, ou na linguagem do apóstolo João, “amavam mais o mundo que a Deus”.

O apóstolo João, admoesta na sua 2ª carta à Igreja de Cristo: “se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis.” (II João 1:10). A persuasão dos falsos mestres era tanta que ele continua sua advertência: Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras. (II João 1:11). Os falsos mestres da época de João iam de casa em casa tentando convencer os fiéis que Cristo não tinha sido humano. Invadiram as igrejas da Ásia a fim de persuadir os crentes com seus ensinos gnósticos. Diante dessa situação, João incentivou os fieis a “provarem os espíritos” para ver se procediam de Deus. Estimulou-os a buscarem retidão e amor em seus mestres e a rejeitarem os injustos e os que não tivessem amor.

PORQUE OS FALSOS PROFETAS FAZEM SUCESSO

“Porque este é um povo rebelde, filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do SENHOR. Que dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e vede para nós enganos”. (Is 30.9-10)

 

Uma das principais mensagens dos falsos profetas era “chamar o mal de bem, e o bem de mal, faziam das trevas luz, e da luz trevas” (Isaías 5:20). Eles pregavam que Deus fazia vista grossa aos seus pecados, iludindo o povo. Observem a repeensão de Jeremias: Dizem continuamente aos que desprezam a Palavra de Deus: “O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração, dizem: Não virá mal sobre vós”. (Jr 23.17) . Esse falso ensino não levava as pessoas ao conhecimento do Deus verdadeiro e apresentava sentimento de segurança não as trazia ao arrependimento.

Os falsos profetas mexem com o ego das pessoas. Minimizam seus pecados com uma falsa mensagem de amor e esperança. Despertam a cobiça e o amor ao dinheiro. Dão uma sensação de sabedoria, intelectualidade, trazendo auto-ajuda ao invés de ajuda do alto. Apresentam soluções mágicas, como a confissão positiva e a teologia da prosperidade. Incentivam os homens a exigirem direitos que nunca tiveram, a ponto de “colocarem Deus na parede”. Demonstram superioridade espiritual e “profetizam” o tempo todo palavras que não saíram do Espírito de Deus. O motivo do sucesso deles é que dizem exatamente o que o povo quer ouvir e não o que precisam ouvir. São falsos pastores guiando falsas ovelhas. “Cegos condutores de cegos”. Quem os segue escolheu “a porta larga e o caminho espaçoso da perdição.

O FIM DOS FALSOS PROFETAS

Jesus proferiu oito “ais” contra os fariseus, os quais também considerava como falsos profetas (Mt 23.13-29). O apóstolo Pedro fala sobre a providência divina para os que escolheram ser fiéis ao Senhor, confirmando as palavras de Cristo sobre o caminho apertado e a porta estreita, sendo poucos os que fazem essa opção. Ele cita a salvação de Noé e mais sete pessoas, cita o livramento de Ló e afirma: “Assim, sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar os injustos para o dia do juízo, para serem castigados” (II Pedro 2:9). Ai deles…

NOSSA ATITUDE DIANTE DOS FALSOS PROFETAS

” Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. “(I João 4:1)

Existem muitas passagens bíblicas que nos ordenam a exercer discernimento, a fim de nos guardarmos dos falsos ensinadores. Em Romanos 16.17 o apóstolo Paulo assevera: “Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles”.

O texto de Mateus 7.1-2 (“Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.”) é usado pelos falsos profetas como defesa pessoal contra os seus críticos. Porém, esse é mais um dos seus falsos ensinos. Aqui, Jesus Cristo condenou a atitude hipócrita de encontrar faltas nos outros. Ele, em particular, focalizou pessoas que criticam os outros por fazerem coisas que elas mesmas fazem e deixam de reparar na trave que está em seus próprios olhos. Ele não estava ensinando que devemos nos calar diante dos erros das pessoas.

Há somente um Pastor verdadeiro. Foi Ele quem disse: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (João 10.14). Multidões hoje procuram por orientação, sabedoria, conhecimento, mas seguem falsos pastores para sua própria perdição. Deixo a conclusão por sua conta… Se o Espírito de Deus habita em você, peça a Ele discernimento e siga a orientação Dele. Se você enquadra-se como falso profeta, ainda existe esperança para você. Arrependa-se de suas falhas. “Vá e não peques mais”.

Até a próxima!!!

 

Notas:


PENTECOST, J. Dwight. O Sermão da Montanha. São Paulo, Editora Vida, 1984.

STOTT, John R.W. Contra Cultura Cristã. São Paulo, ABU Editora S/C, 1978

REDE SEPAL – http://www.lideranca.org

DENIS ALLAN – http://www.estudosdabiblia.net/

 

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