O ministério pastoral definitivamente não é para qualquer um, mas somente para aqueles que foram chamados por Deus. Isso todo mundo sabe, mas as orientações deixadas pelo pastor Richard Baxter (1615-1691), no livro “O Pastor Aprovado”, possivelmente muitos desconhecem.
Do início ao fim gostei muito deste livro, por isso resolvi comentar alguns pontos que achei mais relevantes. No meu entendimento, se você ler esse livro até o fim e mesmo assim não desistir do ministério, possivelmente Deus te chamou ao ministério pastoral.
Inicialmente Baxter falar com dois grupos diferentes que ao mesmo tempo estão intimamente ligados, ou pelo menos deveriam estar. Ele dá uma palavra para os pastores e também para os membros de igreja. Para o primeiro grupo, ele lembra que pastores também tem pecados e que precisam ser confessados para que alcance as misericórdias do Senhor (Pv 28.13); também os exorta, baseado em Rm 16.17 e 1Co 3.1-3, para terem comunhão com os demais pastores naquilo que for possível, e que aprendam a lidar com as diferenças; o dever com o rebanho e o ensino pessoal da doutrina não deveriam ser negligenciados, pois isso tem poder para causar um avivamento. Para o segundo grupo, ele dá basicamente três advertências: 1. Cuidado para não se alimentar de pensamentos negativo sobre os pastores; 2. Cuidado com pessoas que querem trazer insegurança levando muitos a crer que foram enganados o tempo todo pelo pastor; 3. Cuidado com pessoas que desejam enfraquecer a autoria e suficiência das Escrituras ao afirmarem que a pregação feita pelo pastor não é suficiente e que novas revelações seriam necessárias. Essas orientações, apesar de serem antigas, são perfeitamente aplicáveis ao contexto da igreja brasileira do século XXI.
Em seguida, é ressaltada a necessidade do pastor cuidar de si mesmo. Primeiro, evitar conviver com pecados contra os quais prega. Segundo, não ser incompetente para os deveres pastorais, o estudo e a oração devem ser buscados. Terceiro, ter maturidade com as diversas situação do ministério. Quarto, cuidado com a incoerência moral, pregar uma coisa e viver outra. Também é lembrado das consequências eternas de um pastorado, ações erradas geram destruição. Quanto maior o peso da responsabilidade, maior a vulnerabilidade do pastor. Portanto, os pastores devem ser mais atentos as tentações.
Na segunda parte, Baxter expõe os motivos pelos quais um pastor deve velar pelo rebanho, pela Igreja. Ele enfatiza que o principal propósito do ministério pastoral é estimular a santificação e a santa obediência do povo de Deus. Promover a unidade, a ordem, a beleza, o poder, a preservação e o progresso dos membros. De todos os demais pontos que ele menciona o que mais chamou atenção foi a importância de um pastorado com todos os membros da igreja. Hoje, isso só seria possível em igrejas com a prática de “colegiado de pastores” ou “presbiterato”. Por exemplo, é praticamente impossível um pastor cuidar de 400 membros, mas dez pastores já seria algo possível, tipo um pastor para cada 100 membros. Nesse ponto, percebo que muitas igrejas tem falhado. Poucas são as igrejas onde os membros são discipulados/instruídos um a um por um pastor. Outra coisa que também chama atenção nessa parte é falta da prática da disciplina bíblica. Naquela época também estava difícil manter, hoje ainda mais. Muitas igrejas desconhecem a necessidade da existências da disciplina para a saúde da igreja.
Na última parte do livro, o autor dá suas últimas orientações. Mostra o que fazer quando um pastor perde o respeito da congregação. Fala sobre a necessidade do pastor reconhecer seus limites, para assim passar segurança para os membros. O ensino e a forma com se passa também devem ser observadas. Doutrinas especificas como também um panorama geral da Bíblia devem ser aplicados de acordo com cada membro e sua capacidade de aprendizado. Demonstrar amor e sensibilidade para com todos. Além disso, a oração e a meditação na Palavra devem ser uma prática pastoral. Também são apresentadas algumas dicas de como lidar com os que provocam divisão na igreja.
Recomendamos a leitura desse livro para todos aqueles que aspiram ao ministério pastoral. Mais também, ressaltamos a importância de todos lerem essa obra para descobrirem se sua igreja possui um ministério pastoral saudável ou não.
Integra a equipe de pastores do presbitério da Igreja Batista Reformada de Brasília, Águas Claras/DF. Fundador e Editor do Ministério Justificação pela Fé. É formado em Teologia Livre pelo Seminário Martin Bucer/SP, pós-graduado em Pregação Expositiva e mestrando em Teologia Sistemática pela Faculdade Teológica Reformada de Brasília/DF. É Casado com Pâmela Corrêa, com quem tem uma filha, Ana Corrêa.
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