“… de modo que o povo também levava os doentes às ruas e os colocava em camas e macas, para que pelo menos a sombra de Pedro se projetasse sobre alguns, enquanto ele passava.” At 5:15
Olá pessoal!!! Depois de uma parada técnica, estamos de volta com muita alegria e disposição para caminharmos juntos, conferindo cada passo dos apóstolos de Cristo.
O quinto capítulo do livro de Atos relata alguns dos momentos mais marcantes e tensos do início da Igreja. Mortes, prisões e milagres, fizeram com que os cristãos fossem observados de pertinho pelo povo, despertando a admiração e o respeito deles.
O povo acompanhou o triste desfecho da tragédia com o casal Ananias e Safira. A partir daí, a Igreja passou a ser vista com mais seriedade. Era perigoso ingressar nela. Além da possibilidade de perseguição por líderes judeus, alguém poderia “cair duro no chão” (se por acaso, imitasse o casal dissimulado).
Quem não tinha convicção do seu chamado ficava apenas na simpatia. É o que nos mostra o versículo 5.11: “E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas”. E o versículo 5.13 complementa: “Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles; mas o povo tinha-os em grande estima.”
Lembram de João Batista na prisão?? Ele mandou perguntar: “És tu aquele que havia de vir, ou esperamos outro?” Lc 7:19. A resposta deixa claro qual era o propósito dos milagres de Jesus: “E, na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus, e deu vista a muitos cegos. Respondendo, então, Jesus, disse-lhes: Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho”. Lc 7:21-22
Lendo com cuidado percebemos que Cristo realizou milagres na presença dos discípulos de João para que eles não apenas ouvissem de outras pessoas, mas também vissem com seus próprios olhos as maravilhas de Deus. É fácil concluir que o propósito dos milagres tanto na vida de Cristo como na dos apóstolos era a confirmação da parte Divina sobre a veracidade de seus mensageiros. Deus quis deixar claro que o “Espírito do Senhor” estava sobre eles.
Cumpria-se mais uma promessa de Cristo: “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.” Jo 14:12-13.
Diferente do mundo moderno, os milagres apontavam apenas para Jesus Cristo. Eram realizados em nome de Jesus (ou seja: autorizados por Jesus) e serviam para confirmar a ressurreição e a divindade de Cristo.
Porém, apesar de dias gloriosos, as dificuldades da Igreja continuavam. Os invejosos líderes religiosos levavam adiante a sua rotina de perseguição contra os cristãos. “Então o sumo sacerdote e todos os seus companheiros…ficaram cheios de inveja… mandaram prender os apóstolos, colocando-os numa prisão pública.” Atos 5:17-19
Vamos deixar Lucas nos contar o que aconteceu na sequência: “Mas durante a noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere, levou-os para fora e disse: “Dirijam-se ao templo e relatem ao povo toda a mensagem desta Vida“. Atos 5:19-20
Fantástico não é??? Parece um filme cheio de efeitos especiais. No livro de Atos, nós observamos Deus agindo diferente em situações idênticas.
Nessa passagem bíblica (e em algumas outras), o Senhor livrou os crentes da prisão. Em outras ocasiões, os fiéis ficaram presos e até morreram. Por que será? Porque a mensagem é mais importante que o mensageiro.
Você pode pensar: Que absurdo!!! Como palavras podem valer mais do que pessoas?? Essas não eram palavras comuns, eram “palavras de vida eterna” Jo 6. 68.
Milagres e maravilhas como aquelas ainda acontecem? São necessários?
É nítido que naquele momento a grande frequência de milagres foi necessária pelos motivos já apresentados acima: a confirmação da divindade de Jesus Cristo e sua ressurreição. Aqueles milagres não eram espetáculos, nem tinham por objetivo aumentar o número de fiéis. Eram manifestações do poder de Deus, demonstrando que tudo estava subordinado à autoridade do nome de Jesus.
Milagres esporádicos já aconteciam no Antigo Testamento através de líderes e profetas como Moisés, Josué, Elias e Eliseu, dentre outros e provavelmente sempre existirão. Está fora do nosso controle determinar o que Deus pode ou não fazer.
Porém, milagres de forma sistemática e constante, provavelmente ocorreram somente nesse início da Igreja ou talvez à medida em que o Evangelho chegava em novos lugares. Nesse caso, a necessidade da confirmação da mensagem era real.
Um outro fator a ser destacado é a consequência dos milagres. Pessoas diferentes reagem diferente ao mesmo acontecimento. Lembram dos dez leprosos?? Só um voltou para agradecer. Lc 17.17-18.
Jesus conhecia bem o coração dos homens e sabia que um milagre não tem o poder de transformar pessoas, adicionando gratidão aos corações. Veja o que ele disse à multidão: “Jesus respondeu: — Eu afirmo a vocês que isto é verdade: vocês estão me procurando porque comeram os pães e ficaram satisfeitos e não porque entenderam os meus milagres.” Jo 6.26
Com o profeta Moisés não foi diferente. O mar se abriu, o maná caía do céu, as sandálias não se gastavam, Israel vencia as batalhas, porém tudo isso foi insuficiente para uma boa parte do povo. Os egípcios sofreram com dez pragas sobrenaturais, mas nem todos se converteram a Jeová.
Concluindo, a grande variedade de milagres foram fundamentais para a consolidação da igreja primitiva, na confirmação das boas novas de Cristo.
Nos dias atuais, o grande foco deve ser o Evangelho. Não existe milagre maior que a salvação. Além disso, os milagres nunca foram garantia de novos servos para o Reino de Deus.
Pequenos milagres acontecem a todo momento e não nos apercebemos disso. Assim como Davi, supliquemos ao Eterno: “abre os meus olhos para que veja as maravilhas de tua Lei” Sl 119.18
Encerro com a sabedoria do reformador Martinho Lutero, que dispensa comentários:
Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos, nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para o que há de vir.
Pense nisso!!!
Até a próxima!!!
Deus o abençoe!!!
Elias Silvio
Notas
1. J. Williams, David. Atos, Novo Comentário Bíblico Contemporâneo. São Paulo: Editora Vida, 1985.
2. H. Gundry Robert. Panorama do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1978.
3. Craig S. Keener. Comentário Bíblico Atos, Novo Testamento. São Paulo: Editora Atos, 2004.
Membro do Ministérios Justificação pela Fé, amigo fiel e apaixonado pela Teologia Reformada. Membro, líder de pequeno grupo e professor da EBD da Igreja Presbiteriana do Calvário de Sorocaba/SP.