A Nossa Eterna Salvação

1. INTRODUÇÃO

Durante uma conversa com uma mulher samaritana Jesus deixou claro: “… aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:13-14). De acordo com o contexto de João 4, Jesus afirma que quem beber da água que ele der nunca terá sede e uma fonte de água, nesta pessoa, vai jorrar do momento em que for bebida à eternidade. Em outras palavras, essa passagem nos trás a idéia de que realmente existe uma vida diferente da qual conhecemos e vivemos. Não finita, mas eterna, que começa no momento em que somos salvos. Percebemos durante toda a Bíblia que a vida eterna está intimamente liga à salvação! Mas o que exatamente significa a palavra salvação? Por que precisamos ser salvos? E salvos do que?

 

2. O QUE É SALVAÇÃO?

A palavra salvação vem do grego swthria, esta aparece cerca de 50 vezes no Novo Testamento, referindo-se ao estado de alguém que se tornou completo, de acordo com Lewis Chafer. Para conseguirmos entender melhor o significado da palavra salvação, precisamos analisar o contexto onde esta palavra é mencionada e o significado do pecado e suas conseqüências para a humanidade.

 

2.1. Podemos definir o pecado, de acordo com Louis Berkhof, como:

Definições Conseqüências para a humanidade
Culpa Envolve rompimento da aliança das obras
Corrupção Perda da imagem de Deus
Miséria Sujeição ao poder da corrupção

O sacrifício de Cristo na cruz consistem nas seguintes bençãos:

(a) Restabelece a relação correta do homem com Deus e com todas as criaturas pela justificação, incluindo o perdão dos pecados, a adoção de filhos, a paz com Deus e uma gloriosa liberdade;

(b) Restabelece a imagem de Deus no homem pela regeneração, pela vocação interior, pela conversão, pela renovação e pela santificação;

(c) Preserva o homem para a sua herança eterna, livra-o do sofrimento e da morte, e lhe dá posse da salvação eterna pela preservação, pela perseverança e pela glorificação.

 

2.2. Segundo Chafer, a salvação dependendo do contexto pode ser vista em três tempos:

  • No passado: liberta da culpa e da penalidade do pecado, é totalmente realizado para todos os que aceitam no tempo em que crêem. (Lc 7:50; 1 Co 1:18; 2 Co 2:15; 2 Tm 1:9);
  • No presente: liberta do poder do pecado, cumpre-se agora naqueles que exercem a fé. (Jo 17:17; Rm 6:14;8:2; Gl 5:16; Fp 2:12,13);
  • No futuro: liberta da presença do pecado. (Rm 13.11; Ef 5:25; Fp 1:6;1 Pe 1:3-5; 1 Jo 3:1-2).

 

Podemos analisar que a morte de Jesus na cruz:

    1. Restabeleceu a relação correta do homem com Deus e como, conseqüência disso, TODOS os pecados dos que crêem em Cristo foram perdoados. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8:1). Em outras palavras, os que crêem em Cristo foram salvos da condenação eterna estabelecida para a humanidade, que é a morte eterna. Uma vez salvo da morte eterna, sempre salvo!
    2. Renova o homem à imagem de Deus pela regeneração. Pela vida de Jesus transbordando em nós, podemos nos livrar do domínio do pecado. Todo salvo é regenerado, ou seja, se nós tínhamos como prática pecar (fazer tudo que Deus odeia), agora o ato de pecar deixa de ser uma prática, e passa a ser um incidente (1 Jo 3.9)!
    3. Preserva o homem para a sua herança, a vida eterna. O “Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.14-18). Quando estivermos lá no céu com o Senhor Jesus, estaremos completamente livres da presença do pecado, fora deste mundo e deste corpo.

 

2.3. Redenção 

A palavra redimir no grego tem algumas variações, esta palavra pode significa “tornar a comprar por um preço; livrar da servidão por preço, comprar no mercado e retirar do mercado. O Senhor Jesus é um Redentor e sua obra expiatória é descrita como uma redenção”, segundo Myer Pearlman. Chafer acrescenta: comprar no mercado(Hb 9.27,28) não necessariamente comunica o pensamento de liberdade; e comprar para fora do mercado(Jo 10.28) comunica o pensamento de liberdade.

 

Sendo assim, dependendo do termo grego utilizado, a tradução de redenção pode significar o pagamento de algo ou de alguém, resultando em liberdade/resgate ou não. Sobre o conceito de resgate podemos dizer que o entendimento que permeava a mente dos escritores do Novo Testamento, bem como de seus ouvintes, judeus e povos gentios eram da forma descrita a seguir:

 

“Com a idéia de resgate obviamente está sendo retomada uma imagem ou metáfora do mundo da escravidão na Antigüidade: a compra e o resgate de escravos ocorriam constantemente. Controvertido é apenas em que tipo de resgate se pensa. Havia o costume antigo do resgate sacro de escravos. Eventualmente o escravo tinha a possibilidade de poupar o dinheiro para o seu próprio resgate, entregá-lo a um templo e fazer com que esse templo o resgatasse de seu presente senhor. Assim, nominalmente era a divindade daquele templo que o havia resgatado. Ele era então considerado liberto e estava sob a proteção da divindade daquele templo. Havia também o costume do resgate dos prisioneiros de guerra. Na antigüidade, os prisioneiros de guerra não eram libertados após o final da guerra, mas permaneciam como propriedade do conquistador ou eram vendidos no mercado de escravos. A sua pátria ou os seus parentes podiam eventualmente resgatá-los. Mas o resgatador ainda mantinha inicialmente uma espécie de dinheiro hipotecário sobre o liberto, até que tivesse reavido a quantia que havia pago.” (Segundo Gerhard Barth)

 

Atores Redenção Significado
Mundo “Comprou do mercado” Sem liberdade (Hb 9.27,28)
Eleitos “Comprou para fora do mercado” Liberdade(Salvação)
(Jo 10.28)

 

3. CONCLUSÃO

Como podemos saber se alcançamos a salvação? Pela palavra de Deus temos orientações sobre isso. O primeiro sinal é quando conseguimos ouvir a voz de Deus, a Bíblia. Em Jo 10:27-28 temos: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão”. Este sinal é acompanhado de uma mudança de vida. Quando essa mudança é operada por Deus (Regeneração) acontece uma mudança completa: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17).A Palavra de Deus diz: TUDO se fez novo!

 

Essa mudança de vida não é resultado de um merecimento. A salvação é pela fé em Cristo. Como está escrito em Efésios 2.8-9: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”. Todo escolhido é convencido pelo Espírito Santo (Jo 16:8-11): “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em mim; Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.”, arrepende-se e crê em Jesus, será salvo da condenação, tem força para resistir ao pecado e no futuro irá morar no céu!

 

“Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18), os eleitos crêem por isso estão livres de condenação. Com a ressurreição de Jesus, os eleitos foram justificados de todos os seus pecados (Rm 4:25). Por fim, os eleitos estão livres do juízo preparado para Satanás. “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz…” (Cl 2:14-15).

 

Glória a Deus!

 


Notas:

1. BARTH, Gerhard, “Ele Morreu Por Nós”. 1997, p. 79-80

2. BERKHOF, L. Teologia Sistemática. 3 ed. Campinas: Luz para o Caminho, 2002.

3. CHAFER, Lewis S. Teologia Sistemática. São Paulo: HAGNOS, 2003.

4. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. São Paulo: Vida, 2006.

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